3 de dez. de 2012

E a crítica de hoje é...

O Labirinto do Fauno (2006) 




Título Original: Pan's Labirinth / El Laberinto del Fauno

Direção: Guilherme Del Toro

Produção: Álvaro Augustín
                Alfonso Cuarón
                Bertha Navarro
                Guilherme Del Toro
                Frida Torresblanco


Roteiro: Guilherme Del Toro

Elenco Principal: Ivana Baquero - Ophelia
                          Doug Jones - Fauno/Homem Branco
                          Sergi López - Capitão Vidal
                          Maribel Verdú - Mercedes
                          Ariadna Gil - Carmem
                         Alex Angulo - Médico

O filme é perfeito, sem mais.

Brincadeira, tenho muito que falar sobre esse filme. Primeiro: a direção, roteiro e produção são do aclamadissimo Guilherme Del Toro. O cara é um gênio, simplesmente. O roteiro foi inspirado no livro "O Mito" de L. Sasso, tratando de assuntos sérios, mas ao mesmo tempo fantasiosos. Vamos por partes.

O filme, inteiramente espanhol, começa com uma guerra civil, dividindo militares e republicanos rebeldes. No meio de todo esse conflito, uma garotinha, Ophelia pra ser mais precisa, se muda com sua mãe grávida para o acampamento militar do novo padrasto, o capitão Vidal, um homem duro, seco, grosso, preconceituoso e incrivelmente sadista. Vidal sente prazer pela morte - dos outros - e por violência, chegando a tratar até seus subordinados e "familiares" com arrogância. Tudo leva a crer que ele ele é o vilão.

Carmem, mãe de Ophelia, nova mulher de Vidal, está com sérios problemas em sua gestação, tendo de ficar deitada e em repouso o máximo de tempo, deixando sua filha aos cuidados da criada Mercedes, chefe das empregadas. Mercedes começa a nutrir um amor maternal por Ophelia, já que ela não tem filhos, e sabe o que a menina está sofrendo nas mãos do padrasto. Ao mesmo tempo, ela começa a tramar a fuga e libertação dos rebeldes.

Pra fugir do padrasto, Ophelia se refugia nos arredores do acampamento onde existe um labirinto com um fosso no meio. O fosso dá num santuário, onde ela encontra pela primeira vez a figura marcante do Fauno. Ele explica que ela é uma princesa de um reino encantado - a falta de nomes de personagens e lugares é intrigante - e que ela deve cumprir algumas missões para se livrar o padrasto e viver pra sempre no seu reino de origem.

Ophelia recebe um livro de paginas brancas, um saquinho com giz magico e uma pedra âmbar, artefatos mágicos que ela tem que usar nas suas missões. Uma delas envolve uma das cenas mais nojentas de todo filme, quem já viu Hellboy, sabe que Del Toro gosta de exagerar. Ela tem que entrar em uma árvore e matar um sapo gigante de 3 olhos que não deixa árvore florescer. Ok ok, pra isso ela tem usar a pedra âmbar, depois de fazer o sapo engolir aquilo ele vomita uma bolha gigante de gosma amarela e murcha (?!?!). Junto com a bolha está uma chave, o objeto que ela deveria pegar nessa missão.





A garota volta pra casa nojenta de lama, e toma a pior bronca de sua vida, dentro do banheiro ela abre o livro a procura da próxima missão, porém o livro de pinta de vermelho e sangra. Com o livro pingando sangue nas mãos ela ouve sua mão gritando, nesse momento ela percebe a mão tendo fortes problemas com o bebe. O fauno ajuda a mão dela dando uma raiz de mandrágora, aquele que grita em Harry Potter. Ophelia tem que colocar a raiz bebê dentro de um pires com leite e alimenta-la com uma gota de sangue. Logo a raiz faz efeito e o filho de Carmem está a salvo, por enquanto. A mulher pede pra Ophelia contar uma história para o feto, pois a voz da menina acalma o garotinho, e eis que ela conta esse poema:

Meu irmão ...

Muitos, muitos anos atrás, em uma terra distante, triste,
havia uma enorme montanha de pedra, áspera preta.
Ao pôr do sol, em cima da montanha, uma magia rosa
floresceu que faria  qualquer um imortal.
Mas ninguém se atreveu a chegar perto porque ela era
cercada de espinhos cheios de veneno.
Os homens conversavam entre si sobre seu medo da morte e da dor,
mas nunca sobre a promessa da vida eterna.
E a cada dia, a rosa murcha, incapaz de dar o seu presente para ninguém.
Esquecida e perdida no topo da montanha fria e escura,
sempre sozinha, até o fim do tempo.


Ela recebe então a segunda missão, buscar um pacote dentro da sala do Homem Branco, também interpretado por Doug Jones - o corpo embaixo da maquiagem de Fauno. O Fauno dá a ela 3 fadas, pra ajudarem ela. Ophelia deve ir até uma sala de jantar e abrir um cofre. Porém ela não deve comer nada que estiver na mesa. Pra chegar a esse lugar ela deve desenhar uma porte em uma parede, que se abrirá magicamente. Ophelia dá de cara com um monstro estranhissimo, extremamente branco, com peles soltas e sem olhos. Ela cumpre a missão, mas desobedece o Fauno e come uma uva. O monstro acorda e começa a caça-la, as fadas tentam ajuda-la e acabam sendo mortas. Ela consegue fugir por pouco e recebe outra bronca do Fauno.

O bebê nasce e Carmem morre. A guerra continua deixando milhares de mortos. Ophelia recebe então a terceira missão. Ela deve salvar seu irmão, mas pra isso ela tem que fazer uma escolha, ou o irmão ou ela devem morrer. A menina corre desesperada pro labirinto e entrega seu irmão ao Fauno, que o leva pro mundo encantado. Ophelia morre com um tiro disparado pelo padrasto, que é encurralado e morto pelos rebeldes. O sangue dela escorre e abre o portal do labirinto. A câmera filma a menina de perto e Ophelia acorda no reino mágico de frente pra seu pai - biológico - sua mãe e seu irmão. Reis do reino mágico sem nome.


O filme é todo voltado pra fantasia, mas denuncia as dores de perder o pai biológico e ter que sobreviver nas mãos de um padrasto louco. Mostra como é as vezes a mente de uma criança. É mais pra mostrar que quando a criança lê, e isso aparece com frequência no decorrer do filme, a imaginação dela pode voar e mascarar qualquer provação que ela tenha que passar.

Ele recebeu 6 indicações ao Oscar, e ganhou 3: Melhor direção para Guilherme Del Toro, que é roteirista de O Hobbit, Melhor Fotografia e Melhor Maquiagem pra Elvira Guijarro e José Quetglás, que por sinal arrasaram na maquiagem. Pela incrível caracterização e roteiro ele merece o parabéns. Pela delicadeza e inocência em tratar alguns assuntos que seriam pessimos explicar pra uma criança, merece minha admiração.

Cíntia Rocha

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